José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Pequenas empresas, grandes ambições
Basta um erro - um só! - para que os belos planos de um empreendedor se transformem em pesadelo
As empresas de micro e pequeno porte legalmente constituídas no Brasil são o dínamo da nossa economia. Estudos disponibilizados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revelam sua força: em número total, elas somam 5,9 milhões, o equivalente a 97,5% do total de empresas estabelecidas no País. Respondem por 51% da força de trabalho urbana empregada no setor privado (o que significa nada menos que 13,2 milhões de empregos formais), 38 % da massa salarial e 20% do Produto Interno Bruto (PIB).
Muitas dessas empresas, modestas em tamanho, mas não em ambição, concorrem com grandes conglomerados. Mas, para terem condições de competirem realmente, precisam se empenhar em reduzir custos, melhorar a produtividade e evitar perdas.
Outras sabem que o fato de terem nascido pequenas não significa que precisem permanecer assim para sempre. E, desafiando as estatísticas menos animadoras - o SEBRAE estima que 27% das empresas brasileiras fechem as portas no primeiro ano de vida -, trabalham intensamente para se tornarem cada vez maiores e mais significativas nos seus respectivos segmentos.
É a estas corajosas "empresas-davis", que não temem desafiar os Golias e lutam com muita fé e coragem, que as auditorias e consultorias especializadas podem ajudar de maneira mais significativa.
Em primeiro lugar, as empresas de pequeno porte precisam se organizar para não se deixarem engolir pelos problemas contábeis e erros de gestão. O planejamento ineficiente que compromete o fluxo do trabalho, o descaso com o controle de estoques, a distração com a licença-paternidade de um funcionário, o não-recolhimento de um tributo... Basta um erro - um só! - para que os belos planos de um empreendedor se transformem em pesadelo, e as multas engulam a rentabilidade obtida em muitos meses de trabalho.
Por meio de uma auditoria bem feita - mesmo de forma parcial, para testes de controles e procedimentos - a empresa tem acesso a informações precisas, transparentes e relevantes, que permitem corrigir erros, ajustar práticas contábeis e aprimorar processos. Além disso, o auditor detém conhecimentos não apenas teóricos, mas também práticos, que se acumularam ao longo do tempo graças justamente ao relacionamento com outras empresas. Por meio dessa bagagem, ele consegue sugerir caminhos e soluções para o empreendedor que precisa realizar grandes ou pequenas mudanças na gestão de seus negócios.
As auditorias também ganharam importância para os empreendimentos de todos os portes a partir da sanção da Lei 11.638/07, que estabeleceu a necessidade de empresas consideradas de grande porte (faturamento acima de R$ 300 milhões/ano ou ativos acima de R$240 milhões) se adequarem às normas internacionais de contabilidade. Claro que uma empresa pequena não é candidata a negociar suas ações na Bolsa de Valores a partir do ano que vem. Mas essa realidade pode mudar, pois, na medida em que um negócio cresce, maiores são suas necessidades de capital para investir em expansão e aprimoramento.
Como o mercado é o melhor ambiente para uma empresa se capitalizar sem ter de entrar na roda-viva dos empréstimos bancários, é possível que, dentro de alguns anos, a empresa modesta de hoje comece a negociar seus papéis na Bolsa. E esse processo será muito mais fácil e ágil se ela já estiver afinada com os padrões contábeis internacionais.
Enfim, auditoria não é luxo, é necessidade. E as empresas brasileiras de menor porte devem estar atentas para as excelentes perspectivas que se desenham no horizonte para os próximos anos.
* Eduardo Pocetti é sócio-diretor e CEO da BDO, quinta maior empresa do mundo nos segmentos de auditoria, tax e advisory