José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Agência alerta para a dívida das empresas
A diretora para Ratings Soberanos da Standard & Poor's, Lisa Schineller, demonstrou apreensão quanto à situação de endividamento do setor privado no Brasil durante participação em um painel em evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. "A questão é o setor privado", advertiu para uma platéia composto por investidores e empresários.
Lisa destacou o aumento das pressões sobre a economia ao mesmo tempo em que o setor privado tem vulnerabilidades externas maiores, uma vez que, "no próximo ano, tem mais de US$ 200 bilhões em pagamento de principal e cerca de US$ 10 bilhões no restante deste ano". "Estamos olhando para o setor privado e para o setor de bancos. Nas últimas semanas rebaixamos companhias que têm exposição a derivativos e tiveram grandes perdas", observou.
Lisa cita o que considera pontos fortes do setor bancário brasileiro, como o nível de capitalização, mas reconhece que os bancos pequenos estão sob pressão de liquidez. "Estamos olhando com cuidado para eles", reiterou. A analista notou que é preciso manter em mente que o crescimento no crédito está pouco abaixo de 40% do PIB. Neste sentido, a S&P está olhando para o endividamento do setor privado para ponderar as conseqüências no caso de o governo federal precisar ajudar na dívida do setor privado. Neste caso, a instituição acompanha os chamados non performing loans, que são financiamentos que não estão gerando recuperação do valor emprestado, ou em default.
Como o sistema brasileiro é um dos mais fortes da região, a analista calculou que, no caso de um eventual socorro federal para fazer frente aos non performing loans, a ajuda, no pior cenário, adicionaria 10 pontos percentuais do PIB ao estoque da dívida. "Na Venezuela, que tem sistema bancário mais fraco, [uma ação do governo] aumentaria o estoque da dívida do país em 20 pontos percentuais do PIB", comparou.
A diretora da S&P ressalvou que a agência de classificação de riscos deu o grau de investimento para o País, "assumindo que o ambiente global não seria tão benigno e acreditando que governo teria ferramentas para se ajustar em situação difícil". "As ações do BC mostram a força da instituição, com resposta apropriada em situação difícil", disse. No setor público, Schineller enfatizou a "magnitude da melhora" no País. "No setor público, a relação dívida externa/ativos líquidos caiu de mais de 100%, em 2002, para uma posição de credor líquido, equivalente a -35% atualmente. Esta é uma mudança dramática", afirmou. No momento atual, com aperto de liquidez, a analista estimou que as necessidades de financiamento do governo estão em 60% das reservas externas.