Rua da Pátria, 569 Jaquirana/RS

  • (54) 3253-1096
  • (54) 99974-3340

José Claudio Pereira
CRC/RS 46.949
joseclaudio@dataconcontabilidade.cnt.br

Eonara do Carmo Cesa Paim
CRC/RS 56.102
narapaim@dataconcontabilidade.cnt.br

Brasil a um passo de liderar integração das bolsas latino-americanas

Fonte: InfoMoney
Gustavo Kahil, com a colaboração de Giulia Camillo A América Latina será em breve um mercado financeiro unificado, que fará frente a Londres e Nova York. Esta é, ao menos, a vontade e a visão das bolsas latino-americanas que, lideradas pela brasileira BM&F Bovespa, possibilitarão que investidores negociem papéis de empresas locais e estrangeiras. As conversas entre os diretores dos mercados locais já estão em curso. "Estamos conversando com todo mundo e queremos começar a colher os frutos em 2009, quando haverá condições de resultados concretos desta integração", afirmou à InfoMoney o diretor executivo de desenvolvimento e fomento de negócios da bolsa brasileira, Paulo de Sousa Oliveira Júnior. O continente segue, assim, um processo que é global. Primeiro, as bolsas desmutualizam, depois abrem capital e, então, anunciam fusões. As brasileiras foram pioneiras e, em junho, a BMV (Bolsa Mexicana de Valores) também lançou ações. "Este é o nome do jogo hoje. O mercado financeiro está passando por uma grande transformação", disse à InfoMoney Pedro Zorrilla Velasco, co-CEO da BMV. Há dois grandes exemplos no mundo. O primeiro é a Nyse Euronext, cuja fusão realizada em abril do ano passado uniu bolsas de valores e de derivativos em cinco países diferentes. O outro é o CME Group, resultado da junção da CME (Chicago Mercantile Exchange), Cbot (Board of Trade of the City of Chicago) e Nymex (New York Mercantile Exchange). Integrado, mas com vários donos Na América Latina, entretanto, a expectativa é de que as bolsas se integrem por meio de parcerias, sem uma troca de participação acionária relevante que implique mudança de controle. "A nossa postura não é a de anexação e de compra, mas se o Brasil tiver algum papel de financiar o processo de aportar tecnologia e, eventualmente, dependendo do interesse de cada bolsa, ter uma participação, estamos abertos a isso mas não é a nossa premissa", pontua Oliveira Júnior. Para Mónica Erpen, diretora executiva do Iamc (Instituto Argentino de Mercado de Capitais), filiado à Merval (Mercado de Valores de Buenos Aires), não necessariamente pode haver a fusão das bolsas, "já que as novas tecnologias permitem uma interligação que garante a abundância de ofertas, permitindo aos investidores diversificar suas carteiras com ativos distintos, ter maior liquidez disponível, e ao mesmo tempo contar com um quadro de concorrência entre os mercados", explicou à InfoMoney. Em integração de plataformas de negócios similar, a BM&F, antes da fusão com a Bovespa, trocou participação com a CME. A primeira passou a deter 2% do capital da segunda, que, por sua vez, recebeu 5% dos papéis da brasileira. O acordo foi realizado com o andamento da parceria na integração do ambiente de negócios de derivativos. "Temos uma clara regra do jogo com a CME que é de integrar o mercado de derivativos, que também representamos para a América Latina. Essa integração também será oferecida na AL", destacou Júnior. Conversas sobre as integrações já tiveram início há vários meses. A BM&F Bovespa, antes mesmo da fusão, já encaminhava negociações com a bolsa do México. "Trabalhamos duro com a Bovespa um pouco antes de ambas decidirem abrir capital, então as prioridades mudaram e agora estamos apenas esperando para o momento apropriado de reiniciar as conversas sobre este acordo em particular", destacou Velasco, da BMV, que também mantém diálogo com as bolsas de Colômbia, Peru e Chile. BM&F Bovespa lidera aproximações Durante entrevista coletiva realizada depois do anúncio dos resultados da BM&F Bovespa do terceiro trimestre, foi revelado que já ocorreram reuniões sobre a integração com as bolsas da Argentina, do Chile, da Colômbia e do Peru, "as quais, ao lado da bolsa do México, fazem parte do grupo escolhido para as conversas iniciais", mostra comunicado enviado. De acordo com dados da WFE (World Federation of Exchanges), as principais bolsas da América Latina, em termos de volume de ações negociados no ano até outubro, são: BM&F Bovespa (73%), Bolsa Mexicana de Valores (11%), Bolsa de Valores de Santiago (3%), Bolsa de Valores da Colômbia (2%), Mercado de Valores de Buenos Aires (1%) e Bolsa de Valores de Lima (1%). "Após o encontro que teremos no México, seguiremos para a última etapa do projeto, que consiste em oferecer um plano de ação para cada um desses países. Nosso objetivo é desenvolver os mercados locais. Já sentimos que é forte a demanda por sistemas de clearings", destacou à ocasião Edemir Pinto, diretor-presidente da bolsa. "Nós, as bolsas de Lima (Peru) e da Colômbia, chegamos a um acordo para iniciar um processo de harmonização do quadro legislativo em ambos os países, de modo que, num futuro próximo, possamos abrir nossas plataformas de negociação de ações para os investidores de ambos os lados da fronteira", apontou à InfoMoney, Juan Pablo Córdoba, CEO da BVC (Bolsa de Valores da Colômbia). "Com o México e o Brasil também há uma intenção de avançar neste sentido, mas, por razões de agenda interna de cada bolsa, somado ao trabalho a ser feito para harmonizar a regulação de cada país, ainda não fomos capazes de finalizar o esboço do processo", explicou Córdoba. Além do ponto apontado pelo executivo colombiano, existem outros que implicam o andamento das discussões, como o ambiente macroeconômico na Argentina. Decisão recente da presidente argentina, Cristina Kirchner, de estatizar fundos de previdência privados, assustou investidores, resultando na redução da nota de dívida externa pela agência de classificação de risco Standard & Poor's no final de outubro. Neste mês, a agência Moody's reduziu o rating da dívida externa do Equador. Integração pode começar em 2009 Os anúncios dos acordos entre as bolsas devem intensificar ao longo do próximo ano. Já no primeiro trimestre é esperado que a mexicana e a chilena iniciem um sistema no qual corretoras dos dois países poderão operar entre si. O entendimento é fruto da reunião da Fiab (Federação Ibero-Americana de Bolsas), realizada neste ano em Montevidéu, Uruguai. "De fato, há algumas integrações entre países associados que estão começando a testar modelos acordados no âmbito da Fiab", destacou Mónica, da Merval. A próxima reunião da Fiab será realizada em setembro de 2009 em Lima, Peru. "Estamos vendo que o ano que vem já tem condições de resultados concretos desta nossa integração", avaliou Oliveira Júnior. Na prática, em breve, investidores brasileiros poderão negociar papéis de companhias listadas em outros países e vice-versa.