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Primeiro índice de preços de 2009 mostra aceleração da inflação
Fonte: Agência Brasil
Alana Gandra
O primeiro índice inflacionário referente a 2009 mostrou aceleração em comparação com o período anterior. Divulgado hoje (8) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de 7 de janeiro apresentou variação de 0,68%, contra 0,52% da última semana de dezembro.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, disse que o aumento do IPC-S mostra efeitos sazonais muito fortes. Os grupos de despesas que mais subiram na primeira semana do ano foram educação, leitura e recreação (de 0,37% para 0,84%) e alimentação, com variação de 1,04%, contra 0,60% na coleta encerrada em 31 de dezembro do ano passado.
São dois pontos que, por razões diferentes, exercem sazonalmente pressão no mês de janeiro. E essa pressão pode ainda aumentar, à medida que o mês avança”, alertou Braz, em entrevista à Agência Brasil.
No grupo educação, leitura e recreação, a alta da inflação foi influenciada pelo reajuste das mensalidades escolares, com destaque para os cursos formais, que tiveram alta de 0,88%. “E vai ficar mais caro, porque o índice espelha apenas uma pequena parcela do que virá ainda de aumento este ano”, disse Braz. A FGV estima que o aumento das mensalidades escolares fique entre 6% e 8% este ano.
Segundo o economista, a taxa do IPC pode subir mais em janeiro, se não houver algum efeito que compense tal movimento. No grupo alimentação, ele destacou a influência dos alimentos in natura. “Janeiro é mês de chuvas fortes, de calor intenso e, normalmente, isso diminui a oferta desses produtos, que são muito sensíveis à variação climática.”
De acordo com Braz, na média dos últimos dez anos, o item hortaliças e legumes subia 9% em janeiro. Outro item que pode pesar são as frutas que, na primeira semana deste mês, passaram de uma variação negativa de 2,52% para 1,44% positivos. “Nessa apuração, frutas influenciaram mais do que hortaliças e legumes. Os dois fatores estão influenciando muito a taxa do IPC-S.”
Braz ressaltou, entretanto, que não existe, por trás do resultado do IPC-S de 7 de janeiro, nenhum efeito generalizado que pudesse indicar aumento de vários alimentos importantes ou de segmentos do setor de serviços, por exemplo. Os fatores sazonais, que se repetem a cada mês de janeiro, são os que mais pesam, explicou. “Então, escolas e hortifrutigranjeiros foram os vilões nesse momento.”
Apesar disso, o impacto dos hortifrutigranjeiros tende a ser menor em fevereiro e março. “O efeito deles no longo prazo é nulo”, afirmou o economista.
Para ele, embora o primeiro IPC-S do ano tenha mostrado aceleração da inflação, isso não significa que a tendência de alta se mantenha nos próximos meses. No ano passado, a variação medida pelo IPC-S foi de 6,07%. Braz acredita que em 2009 a taxa deverá se reduzir, porque o efeito do grupo alimentação tende a ser menor, devido, inclusive, à diminuição da demanda por alimentos no mercado internacional, em função da crise externa.
A pressão em 2009 pode vir de alguns preços administrados, influenciados pelo que aconteceu em 2008, disse Braz. “Como a variação média da inflação no ano passado foi mais alta, isso pode influenciar preços administrados, mas a agricultura deve sofrer um pouco menos.”
A expectativa é que commodities que têm peso na cesta de consumo das famílias, como trigo, soja e milho, não encontrem espaço para aumento de preços tão facilmente em 2009, o que deve repercutir pouco na inflação ao consumidor. “Vai ser bom para as famílias, principalmente as de baixa renda”, afirmou Braz.