José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Brasileiros poupam para comprar a casa própria
Se tem uma coisa que mobiliza o brasileiro é a compra da casa própria.
Se tem uma coisa que mobiliza o brasileiro é a compra da casa própria. E é para isso, prioritariamente, que as pessoas poupam. A conclusão é de uma enquete do site do programa Educação Financeira, iniciativa conjunta da BM&FBovespa e TV Cultura. Segundo a pesquisa, o dinheiro armazenado por 72% dos entrevistados visa a compra da moradia; 15% poupam para comprar um carro zero e 13% querem juntar recursos para pagar uma viagem.
O programa Educação Financeira faz parte de uma ampla estratégia da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), iniciada em 2002, de divulgar o mercado de ações. Desde então, mais de 1,5 milhão de pessoas já participaram de iniciativas do programa de popularização do mercado, como visitas monitoradas ao Espaço BM&FBovespa, palestras, cursos gratuitos, concursos estudantis, parcerias com instituições de ensino, entre outras. Em agosto de 2009, ainda com o país se recuperando do estrago da crise mundial, a TV Cultura começou a veicular o programa Educação Financeira, com o objetivo de difundir os conceitos de economia, finanças pessoais e tipos de investimento. O programa tem também uma versão na internet, onde as enquetes são feitas.
Para a gerente dos Programas de Popularização da BM&FBovespa, Patrícia Quadros, tais iniciativas têm conseguido alcançar o objetivo de trazer mais pessoas para o mercado de ações. Em 2002, quando a bolsa decidiu divulgar o mercado, existiam cerca de 85 mil investidores pessoas físicas. Atualmente, são 552,7 mil, 6,5 vezes mais do que há sete anos. “Temos visto um crescimento substancial de pessoas físicas no mercado e uma procura intensa pelos cursos que oferecemos gratuitamente”, diz.
Patrícia lembra que, no início do trabalho de popularização, quando a Bovespa começou a difundir a aplicação em ações, as pessoas confessavam que nunca haviam pensado na alternativa que estava sendo apresenta. “Havia uma crença de que este tipo de investimento era apenas para grandes volumes de dinheiro, para grandes investidores. Apostamos, então, que mais do que divulgar o mercado de ações, deveríamos também promover a educação financeira. Acho que estamos no caminho certo”, frisa.
Sobra de caixa
O resultado desta estratégia começa a se refletir no comportamento das pessoas. Pelo menos daquelas que acompanham os programas de Educação Financeira pela televisão. A grande maioria (89%) reconhece que é possível ter ganhos em qualidade de vida com a educação financeira. O público também está preocupado em evitar o endividamento. Isso fica claro quando 50% daqueles que responderam à enquete afirmam que têm “comportamento azul”, isto é, ganham mais do que gastam. E mais: 40% têm dinheiro guardado, enquanto 21% nem deve nem poupa.
“É extremamente gratificante o resultado que estamos conseguindo com a educação financeira”, afirma Patrícia. “Procuramos usar uma linguagem bem simples, para alcançar o maior número possível de pessoas. E parece que estamos conseguindo”. O programa tem batido consecutivos recordes de audiência, sendo assistido por 140.250 pessoas no estado de São Paulo, segundo dados do Ibope.
Isso ajuda a explicar as estatísticas oficiais da própria bolsa. Em 1999, o pregão da bolsa era dominado por instituições financeiras, que respondiam por 39,1% do movimento financeiro. As pessoas físicas eram responsáveis por apenas 15,9%. Em 2008, as compras de ações eram feitas predominantemente pelos investidores estrangeiros (35,5%), seguidos pelos investidores institucionais (27,1%) e pelas pessoas físicas (26,7%). As instituições financeiras responderam por 7,8% do movimento.
No mês passado, depois da instituição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a compra de ações por parte de estrangeiros, essa relação se inverteu: pessoas físicas (30,3%); estrangeiros (29,5%); institucionais (27,8%) e instituições financeiras apenas 7,6%.
O número
552, 7 mil
Total de investidores pessoas físicas aplicando diretamente em ações
Ganho maior no FGTS
Com a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) perdendo constantemente para a inflação, uma das alternativas para tornar os depósitos mais rentáveis pode ser a destinação de parte dos recursos para investimentos em infraestrutura. Portanto, avisam os analistas, os trabalhadores devem se preparar, pois tal opção deverá estar disponível a partir de março, por meio do Fundo de Investimento em Cotas (FIC-FGTS), que será administrado pela Caixa Econômica Federal.
Segundo os especialistas, o FIC-FGTS comprará cotas do Fundo de Investimentos de FGTS (FI-FGTS), que hoje já aplica nas áreas de energia, rodovias, portos, ferrovias, hidrovias e saneamento básico. Em 2009, o FI registrou ganho de 9%, muito acima dos 3,9% do FGTS. Cada trabalhador poderá, no entanto, investir, no máximo, 30% do seu saldo no FIC. Mas o resgate dos recursos só poderá ser feito depois de um ano, mesmo em caso de demissão ou da compra da casa própria. Outro detalhe importante: se o FIC der prejuízo, o trabalhador não poderá reclamar.
No governo, ninguém acredita que os trabalhadores conseguirão destinar para o FIC os 30% do saldo. É que, inicialmente, o patrimônio do FIC não poderá superar os R$ 5 bilhões. Mas há chance de esse teto ser ampliado, devido à demanda por recursos para financiar obras de infra-estrutura.