José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Dólar tem forte alta e fecha no maior valor desde o fim de setembro
Moeda norte-americana teve alta de 1,18%, para R$ 1,793 na venda.
O dólar comercial fechou em forte alta nesta quarta-feira (20), atingindo o maior valor de 2010 e também a maior cotação desde o fim de setembro do ano passado. A moeda foi fortemente afetada pelo mau humor das bolsas internacionais, que tiveram queda generalizada no dia.
A moeda norte-americana fechou a quarta-feira em alta de 1,18%, cotada a R$ 1,793 para a venda. O valor "empata" com o resultado do dia 29 de setembro do ano passado, sendo o maior desde o fechamento de 25 de setembro de 2009, quando a moeda "cravou" R$ 1,80 para a venda.
'Efeito China'
A principal notícia a pressionar o dólar veio da China, com informações de que o governo instruiu alguns dos maiores bancos do país, como o Citic e o Everbright Bank, a reduzirem os empréstimos ao longo de janeiro.
"Já pensou se eles começam a subir juro lá para conter o consumo? Eles são importadores de commodities, daí pega aqui", disse Moacir Marcos Júnior, operador da corretora Finabank.
Operadores no exterior também citaram como motivos para a alta do dólar a preocupação com a situação fiscal da Grécia, que vem derrubando o euro, e a derrota do governo Obama em uma eleição fora de época ao Senado dos Estados Unidos.
A vitória de um republicano para representar o Estado de Massachussets pode abrir caminho para um compromisso maior em termos de redução do déficit norte-americano, avaliam.
Contas externas
Internamente, o Banco Central anunciou um déficit maior que o esperado para as transações correntes do país em dezembro. O saldo negativo no mês foi de US$ 5,947 bilhões, levando o déficit total do ano a US$ 24,334 bilhões.
"Essa dinâmica salienta a dependência cada vez maior da conta de capital para financiar o balanço de pagamentos, o que limita o espaço para a apreciação do real", afirmou o banco francês BNP Paribas, em relatório.
Por enquanto, o interesse dos estrangeiros em investir no Brasil tem contrabalançado com folga o crescente déficit em transações correntes, provocado pelo aumento das importações e das remessas de lucros.
Em 2009, o resultado global do balanço de pagamentos ficou positivo em US$ 46,651 bilhões, com direito a recorde no investimento estrangeiro em carteira e superávit de US$ 70,551 bilhões na conta de capital e financeira.
Além disso, nos 18 primeiros dias do mês, o fluxo de câmbio para o país ficou positivo em US$ 816 milhões, revertendo um déficit na primeira semana principalmente por causa de operações financeiras.
Eleições
O gerente de câmbio de um banco nacional, no entanto, questiona a manutenção das condições favoráveis de financiamento do déficit em transações correntes, que por enquanto tem aliviado a pressão sobre o balanço de pagamentos e, consequentemente, sobre a taxa de câmbio.
"Esse ano é ano de eleição, então é possível que a expectativa de investimento direto dos economistas decepcione, pois os investidores podem prorrogar os investimentos até ter mais claro o cenário eleitoral e qual vai ser a politica econômica a ser adotada pelo novo governo", disse.