Rua da Pátria, 569 Jaquirana/RS

  • (54) 3253-1096
  • (54) 99974-3340

José Claudio Pereira
CRC/RS 46.949
joseclaudio@dataconcontabilidade.cnt.br

Eonara do Carmo Cesa Paim
CRC/RS 56.102
narapaim@dataconcontabilidade.cnt.br

Investimento e poupança puxam retração da economia

O resultado dos investimentos no ano passado representa queda de 9,9% com relação ao ano anterior, segundo os dados do IBGE, divulgados ontem.

Os investimentos em 2009, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram o pior resultado desde 2003, com 16,7% do PIB e foram os principais responsáveis pela retração de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, de acordo com a gerente da pesquisa de Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Mesmo com a queda, a economia brasileira teve o sexto melhor desempenho entre os países que fazem parte do G-20.

O resultado dos investimentos no ano passado representa queda de 9,9% com relação ao ano anterior, segundo os dados do IBGE, divulgados ontem. Além desse fator, a poupança também registrou o pior índice desde 2001 (13,5%), com 14,6% do PIB. "A queda dos investimentos foi o principal fator responsável pela queda do PIB, além da variação dos estoques, que caíram porque a produção da indústria diminuiu", explicou Rebeca.

O professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, explica que o resultado de investimentos é reflexo da crise financeira. "A crise foi muito forte, o que prejudicou a maioria dos indicadores econômicos no ano passado", diz. Ele afirma que em 2009, a FBCF foi reduzida pois a indústria teve que trabalhar somente com a capacidade instalada já que a demanda diminui.

Leite não acredita que neste ano os investimentos reduzirão, mas que o aumento da taxa básica de juros (Selic) pode limitar atração de capitais. "Mesmo assim, não acredito que a Selic deve subir muito e, assim, a FBCF pode alcançar níveis anteriores à crise, isto é, entre 18% e 19%", diz. "Mas o ideal para o Brasil continuar crescendo a 5% a 6% ao ano é investimentos a 25% do PIB."

Com relação ao recuo da taxa poupança de 2009, o professor da Trevisan comenta que foi a "lenha sobressalente necessária para alimentar os ganhos e o País não sair prejudicado pela crise".

Para o professor do Insper, Daniel Motta, como as taxas de poupança (privada, pública e externa) reduziram no ano passado por conta da crise financeira mundial e essas sendo financiadoras dos investimentos, a FBCF despencou. "No entanto, não vejo o valor como um risco ao Brasil, observado separadamente. O problema é que os percentuais de gastos públicos tendem a aumentar o que prejudica a obtenção de poupança", ressalta.

Motta acredita que o ideal para o crescimento do País, é este ter 60% de consumo, 20% de investimento, 10% de contas públicas e 10% de balança comercial. "É muito difícil de dizer quanto que devemos alcançar este ano de investimento assim como poupança, mas não deve chegar próximo aos 20% por causa do perfil atual de maior participação do estado na economia brasileira."

Segundo análise do Iedi, ao se considerar o quarto trimestre de 2009 com relação ao trimestre imediatamente anterior, a FBCF voltou a apresentar alta expressiva (6,6%). "Mantida essa taxa de investimento nos próximos trimestres, a economia brasileira será capaz de crescer sem ter 'gargalos' de oferta e, consequentemente, sem sofrer pressões inflacionárias."

PIB 2009

A retração de 0,2% em 2009 foi o pior resultado da economia brasileira desde 1992. A demanda interna também contribuiu negativamente, com recuo de 0,3 ponto percentual. Porém, além de ter registrado expansão no ano passado, o consumo das famílias acelerou o ritmo de crescimento no trimestre de 2009. "O consumo das famílias voltou a crescer em patamares de antes da crise", observou Rebeca, exemplificando que a alta de 7,7% no consumo das famílias no quarto trimestre de 2009 ante o mesmo trimestre de 2008 é a maior desde o terceiro trimestre de 2008 (9,3%).

A gerente também explicou que a retração da atividade na indústria em 2009 (5,5%), foi à primeira desde 2001 (-0,6%).

Apesar do recuo do PIB em 2009, para Rebeca, o ritmo de crescimento da economia já retornou aos patamares anteriores a crise. Ela argumentou que a alta de 2% no quarto trimestre de 2009 ante o terceiro trimestre do mesmo ano já supera a expansão de 1,4% que tinha sido apurado no terceiro trimestre de 2008 ante o trimestre imediatamente anterior. Além da alta de 4,3% no PIB no quarto trimestre do ano passado ante igual período de 2008.

A LCA Consultores estima que, no primeiro trimestre de 2010, o PIB efetivo tenha se situado num nível 7% superior ao do mesmo período de 2009, o que corresponderia a uma expansão de 1,5% sobre o quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal.