José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Dólar tem alta de 1,26%
Os investidores perceberam que o governo vai, de fato, continuar tomando medidas para conter a valorização do real.
O mercado cambial brasileiro reagiu fortemente ao aumento de 4% para 6% na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa, anunciado anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ontem, no primeiro dia de vigência da elevação da cobrança, o dólar teve alta de 1,26%, fechando em R$ 1,687, a maior cotação desde 29 de junho. Na máxima do dia, ele chegou a ser vendido a R$ 1,700. Os investidores perceberam que o governo vai, de fato, continuar tomando medidas para conter a valorização do real.
A decisão da China de elevar os juros pela primeira vez desde 2007 também influenciou o comportamento da moeda norte-americana — a taxa subiu 0,25 ponto percentual. Mantega admitiu o efeito positivo da medida no câmbio. “(A subida dos juros na China) pode valorizar um pouco a moeda deles. Está na direção correta. Eles estão colaborando”, disse. Ele cancelou a viagem para Seul, na Coreia do Sul, onde participaria da reunião ministerial do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), que começa amanhã. O ministro vai permanecer no país para tratar da questão cambial, deixando para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula de líderes, no mês que vem.
Apesar da resposta de ontem, os analistas acreditam que o resultado da alta do IOF, a curto prazo, será insignificante. O economista Robson Gonçalves, da Fundação Getulio Vargas, lamentou que o anúncio do IOF tenha coincidido com o afrouxamento da política monetária e o consequente aumento de dinheiro em circulação nos Estados Unidos, que deve ter reflexos no valor do dólar em todo o mundo. “No Brasil, a única saída para a valorização do real é o corte de gastos e o aperto fiscal. O governo deve reciclar a enxurrada de dólares, mandando o excesso para fora do país, talvez até comprando títulos públicos dos EUA”, aconselhou.
Swap reverso
Na avaliação do economista André Sacconato, da Tendências Consultoria, conter a entrada de divisas para as aplicações em renda fixa não terá impacto no câmbio. Uma iniciativa mais eficiente seria a retomada, por parte do Banco Central (BC), das operações de swap cambial reverso, que equivalem à compra de dólares no mercado futuro. “O governo está no caminho certo. Não tentou uma saída heroica, mas ainda é muito pouco”, afirmou. Para Mario Paiva, da BGC Liquidez, as medidas adotadas até agora são paliativas.
“O mercado é soberano. Há grande quantidade de dólares no mundo e, quando a demanda é maior que a oferta, a tendência é de queda de preço”, disse. Os analistas consultados pelo Correio apostam que o dólar vai encerrar o ano próximo a R$ 1,70.
O sentimento de aversão ao risco tomou conta da Bolsa de Valores de São Paulo ontem. O Ibovespa despencou 2,71%, para os 69.792 pontos, acompanhando o movimento da Bolsa de Nova York.
Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 1,49%, arrastado pelo mau desempenho das empresas financeiras e de tecnologia e pelo temor de que os bancos sejam obrigados a recomprar os contratos de crédito imobiliário, que deflagaram a crise global de 2008. O índice tecnológico americano, o Nasdaq, também sofreu com a fuga dos investidores e registrou queda de 1,76%.