José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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O medo de delegar
O que o homem mais teme é a perda de poder.
O que há por trás da delegação que tanto incomoda as pessoas e ao mesmo tempo recebe tanto apoio teórico?
Um aspecto que tem que ser levado em conta, quando tratamos de um tema, é que o teórico se mostra prático, porque é prático ser teórico. Sem consequências, é fácil recomendar.
O que o homem mais teme é a perda de poder. Delegar é transmitir o poder a alguém. Deu para sentir o drama?
Delegação envolve duas questões complexas: autoridade e confiança.
Para delegar, você precisa estar ciente que terá que investir uma pessoa de autoridade e confiar que esta realizará uma tarefa que lhe cabe.
Note outro complicador nesse processo: a autoridade é delegada, mas não a responsabilidade. Esta é sua. No acerto de contas, você terá que responder pelos resultados.
Sendo assim, por que não faço eu mesmo, pelo menos estarei seguro dos resultados?
Simplesmente porque você é um só e se quiser se envolver em grandes projetos e ter sucesso na vida vai ter que aprender a correr riscos confiando.
Algumas coisas podem dar errado? Sim, mas ouvindo um velho mestre aprendi: "Cedamos algo hoy para no tener que renunciar a todo mañana".
E não somos senhores da razão e do conhecimento, portanto ao delegar adicionamos competências que não temos.
Como todas as moedas têm dois lados, esta também. Em um teremos a competência e no outro a falta dela. Como assegurar que apenas o melhor lado nos favoreça?
Simples, com a regrinha: o que, quando e como?
O que tem que ser feito, quando será feito e como será feito. Isso lhe lembra alguma coisa?
Claro, não! Isso se chama meta, e esta clama pelo irmão gêmeo que é o controle.
Para quem gosta de manter controle sobre tudo a delegação é excepcional. Afinal esta não o reduz, mas aumenta a sua exigência.
Observe que controle sem meta é uma bobagem e meta sem controle asneira.
O medo de delegar também costuma estar associado à dificuldade de seleção das pessoas à quem as tarefas serão delegadas.
Não são poucos os gestores que se sentem desconfortáveis ao desenvolver entrevistas de seleção para contratação. Como seguem um roteiro padronizado de perguntas, pouco descobrem sobre o profissional além daquilo que já estava no currículum.
De vez em quando ouço alguns dizerem de forma desagradável ao candidato: - Fale um pouco de você, pois papel aceita tudo!
Ora, por que ele falaria algo diferente do que já escreveu e, principalmente, sem saber o que o entrevistador quer saber?
Ele é apenas o entrevistado, está lá para responder, portanto que o entrevistador conduza as questões.
Quando contratamos uma pessoa o fundamento é a delegação ou não?
Uma vez gestor de uma área, tudo o que é feito ali é responsabilidade sua ou você acha que se uma pessoa faltar e ninguém souber realizar aquela tarefa poderá sair pela tangente?
Esse raciocínio facilita o entendimento do processo de delegação, pois tudo o que sua equipe faz foi delegado, concorda?
Isso parece tão lógico que podemos imaginar que todas as pessoas responsáveis por uma área já se deram conta, mas não é verdade. Assim fosse, saberiam realizar todas as tarefas ou, pelo menos, teriam, sempre, uma segunda pessoa preparada, mas não.
Alguns momentos são especiais e estratégicos para notar as deficiências nos processos de delegação. Um deles é quando um membro de uma equipe entrará em férias e outro quando há um pedido de demissão.
Você gestor, que delega às pessoas autoridade para delegar, tem que estar atento à questão do medo que isso provoca.