José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Ouro vira refúgio e se valoriza 48%
A valorização é de 14% neste ano e de 48% desde o início de 2010.
As incertezas sobre a economia norte-americana e a crise da dívida da Europa provocaram, desde abril, uma disparada nas cotações do ouro, metal precioso que vira refúgio de investidores em momentos de destruição de riquezas. A valorização é de 14% neste ano e de 48% desde o início de 2010. A procura pelo franco suíço também aumentou. De janeiro para cá, a moeda da Suíça, considerada um país estável, já subiu 19% frente ao dólar. Ontem, ela fechou em US$ 0,8015. "O aumento da procura pelo ouro e pelo franco suíço é o termômetro de desconfiança global", disse o economista-chefe da Banco WestLB, Roberto Padovani.
A alta do ouro foi inflada porque, além dos grandes fundos financeiros, os bancos centrais de diversos países, como de China, Rússia e México, foram às compras para reduzir a dependência do dólar como reserva externa. "Estão tentando pulverizar riscos", afirmou Nathan Blanche, diretor da Tendências Consultoria. Apesar da valorização, ele não recomenda a aplicação em ouro. "É muito especulativo. Quem compra o metal é para fazer hedge (proteção contra oscilações no mercado) e não para garantir rentabilidade dos recursos."
Blanche orienta: "Melhor comprar título público brasileiro. A moeda que vai continuar valorizada se chama real". Tanto que o ouro é muito pouco negociado no Brasil, não chegando a 0,1% do volume da Bolsa de Mercadorias e Futuros. O diretor da Corretora Spinelli, Manuel Lois, concorda e alerta que a valorização do metal está perto do fim.
Mas, até por aqui, os investidores se assanharam. Em abril e maio, o volume de negociação foi de R$ 133 milhões e R$ 167 milhões, respectivamente, três vezes mais que a média de 2010 e 2009. Em janeiro, o total chegou a R$ 66 milhões. Em junho, foram apenas R$ 28 milhões. Já nos primeiros 25 dias de julho, já foram negociados R$ 79,5 milhões. Os preços sobem e descem ao sabor das notícias boas ou ruins envolvendo Estados Unidos e Europa. "Quando o ouro sobe é porque a economia mundial não está bem", atestou Lois.
O metal vem subindo desde o início de 2003, quando a economia de vários paises desenvolvidos deram alguns sinais de baque. "É um rali que nunca vi na história dessa forma. Mas chegou a um limite", disse. "Uma reversão se aproxima. O cenário internacional deve gradativamente melhorar." A pessoa física que quiser se aventurar nesse mercado precisa, antes, se cadastrar numa corretora de valores.
Dificuldade
A cotação do ouro segue o mercado internacional e é expressa em dólar, tal como o petróleo. Ontem, a onça troy (31,1 gramas) fechou em
US$ 1.621,90, numa alta de 0,49%. O metal é, em geral, negociado em lotes de 250g, em torno de R$ 20,5 mil. Mas é possível comprar quantidades menores, de 10 gramas (R$ 820) ou de 0,225g (R$ 18,50). Como o mercado de negociação no Brasil é pequeno, o investidor também pode ter dificuldade para vender em determinado dia, se tiver quantidade maior à disposição.