José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Dólar sobe para R$ 1,612
Moeda norte-americana tem a maior alta desde maio de 2010.
Depois de amargar um longo período de derretimento, o dólar recuperou o fôlego ontem. Houve uma corrida pela moeda norte-americana, que passou a ser vista como um ativo de segurança em meio à grave crise global. A procura foi tanta que os preços da divisa deram um salto de 1,96%, para R$ 1,612. Foi a maior valorização em um dia desde 6 de maio de 2010. Na avaliação dos especialistas, mantido o atual quadro de incertezas, as cotações do dólar podem encostar em R$ 1,80.
Segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, a recuperação da moeda dos Estados Unidos, assim como o tombo das bolsas de valores, já era esperada, diante do agravamento da crise. Foi por isso, segundo ele, que a instituição tomou todas as medidas para desmontar as operações especulativas no mercado de câmbio, que vinham forçando uma valorização excessiva do real. Ele ressaltou que, ao exigir mais capital dos bancos para operar com contratos futuros de dólar, o BC reduziu os riscos do sistema financeiro. Em janeiro deste ano, as chamadas posições vendidas dos bancos, por meio das quais apostam na queda da moeda norte-americana, estavam em US$ 17 bilhões. Ontem, somavam US$ 4 bilhões.
O diretor do BC destacou que, com exceção do franco suíço e do iene japonês, todas as divisas caíram em relação ao dólar. "Foi um movimento generalizado de valorização da moeda norte-americana", reforçou. Ele garantiu que, em um cenário mais dramático, de escassez de linhas externas de crédito para o Brasil, o governo pode liberar recursos das reservas internacionais que somam US$ 348 bilhões — 70% a mais do que no auge do terremoto global de 2008, quando ruiu o quarto maior banco de investimentos dos EUA, o Lehman Brothers.
Mendes destacou ainda que o governo não pretende se desfazer dos US$ 211 bilhões das reservas que estão aplicados em títulos do Tesouro norte-americano. Esses papéis, por sinal também atraíram as atenções do investidores, a despeito do rebaixamento da nota dos EUA pela Standard & Poor"s (S&P). Segundo ele, os títulos são "extremamente seguros e têm grande liquidez ".
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, a corrida por dólar e por papéis dos EUA é um sinal de que não há muitas alternativas de investimento no mercado. "Não tem para onde fugir. O ouro, que subiu 5,15% ontem atingindo um novo recorde, é um mercado muito pequeno em comparação com os trilhões de dólares que rolam por aí", explicou.
Rebaixamento geral
A Standard & Poor"s rebaixou, ontem, a nota das empresas de refinanciamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, de "AAA" para "AA ", por sua dependência direta do governo dos Estados Unidos, cuja nota foi reduzida na sexta-feira. A S &P também diminuiu a classificação de 10 dos 12 bancos federais de empréstimos e da dívida sênior emitida pelos bancos federais de crédito agrícola norte-americanos. A agência decidiu ainda rebaixar bônus israelenses garantidos pelos EUA por US$ 6 bilhões. Esses bônus representam uma pequena parte da dívida total de Israel, que alcança US$ 73 bilhões. A dívida soberana do país, atualmente classificada como "A", não foi afetada.