José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Indústria sofre baque e recua 2,1% em janeiro
Trata-se da retração mais intensa desde dezembro de 2008, auge da crise econômica internacional, quando a produção industrial despencou 12,2%.
Atividade tem a retração mais intensa desde dezembro de 2008, auge da crise internacional, e coloca em xeque o crescimento da economia em 2012. Risco de queda no consumo preocupa
Se havia alguma dúvida de que a economia brasileira está no chão, ela foi dissipada ontem com a divulgação do resultado da produção da indústria pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade do setor caiu 2,1% em janeiro deste ano. Trata-se da retração mais intensa desde dezembro de 2008, auge da crise econômica internacional, quando a produção industrial despencou 12,2%. A queda se deveu, especialmente, a setores mais suscetíveis aos efeitos da desvalorização do dólar, que favorece a enxurrada de importados no país. As vendas de veículos foram as mais atingidas, recuando 30,7% no período. Na comparação com janeiro de 2011, o recuo na atividade industrial foi de 3,4% no primeiro mês de 2012.
O alerta foi ligado no fim do ano passado. Em dezembro de 2011, a atividade industrial havia registrado expansão de apenas 0,9% (dado revisado hoje para 0,5%) em relação a novembro. O indicador fechou 2011 com alta de 0,3%, resultado muito abaixo do forte crescimento de 10,5% de 2010. Nos últimos 12 meses, a indústria acumulou uma retração de 0,2%.
"Alguns fatores que intensificaram a queda foram pontuais, como as férias coletivas nas empresas fabricantes de caminhões e as chuvas no setor extrativo, mas a redução na produção vem sendo observada há alguns meses e não necessariamente está ligada a questões localizadas", afirmou o gerente da pesquisa de indústria do IBGE, André Macedo. "O resultado do Produto Interno Bruto (PIB), mostrando queda de 2,7% em 2011, evidencia que há uma clara desaceleração a partir de agosto do ano passado."
Poder de compra
Para Macedo, os consumidores ainda não foram atingidos, pois os produtos nacionais estão sendo substituídos pelos importados. "Não necessariamente uma produção menor significa redução no poder de compra da população. O mercado está sendo abastecido por produtos importados, o que mostra que as medidas adotadas pelo governo desde o fim de 2010 não surtiram o efeito desejado", disse.
Porém, se a atividade econômica se deteriorar, o governo poderá sentir os efeitos já nas próximas eleições municipais em outubro. "Um grande fator de sustentação política do governo tem sido a economia. Se houver redução do poder de compra e a classe média tiver de deixar de viajar para Miami, a popularidade do governo vai cair", avaliou o cientista político da UnB João Paulo Peixoto.
Em baixa
Além do setor de veículos, de dezembro para janeiro, tiveram desempenhos negativos os equipamentos médicos e hospitalares (-26,3%) e a indústria extrativa (-8,4%). As maiores altas, por outro lado, ocorreram nos setores de edição e impressão (9,9%), de máquinas e equipamentos (4,5%) e de refino de petróleo e álcool (4,8%). Os piores resultados foram registrados em bens de capital (-16%), bens intermediários (-2,9%) e bens duráveis (-1,9%). Apenas os semi e não duráveis tiveram crescimento (de 0,7%).