José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Juros e dólar congelam diante de incertezas
Essa é a taxa que mercado projeta para o juro básico ao fim do atual ciclo de afrouxamento monetário conduzido pelo BC para reaquecer a economia.
Os juros fecharam estáveis ontem, em uma sessão marcada pela cautela dos investidores com relação ao novo pacote governamental e às declarações do diretor do Banco Central. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato com vencimento em janeiro de 2013 fechou estável a 7,25%. Essa é a taxa que mercado projeta para o juro básico ao fim do atual ciclo de afrouxamento monetário conduzido pelo BC para reaquecer a economia.
Fora da BM&F, o destaque ontem foi a segunda etapa do leilão de Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B), em que o governo ofertou 8 milhões de papéis com vencimentos entre 2016 e 2050.
A Nomura Securities ponderou que a grande oferta de NTN-Bs, títulos corrigidos pelo IPCA, deve substituir parte do estoque restante de NTN-As nas carteiras de bancos, em especial de instituições estrangeiras. Esses papéis foram usados pelo governo brasileiro na reestruturação da dívida externa em 1994. Para a instituição financeira, o leilão pode refletir no mercado de câmbio, conforme haja ou não substituição do estoque de NTN-A, estimado em até US$ 4 bilhões.
Sobre a estabilidade das taxas e fraco volume na BM&F, o gerente de tesouraria do Banif, Eduardo Galasini, avalia que prevalece a incerteza no mercado.
"O [diretor de política monetária do Banco Central]
Hamilton disse que os juros vão continuar baixos em patamares internacionais. A questão é saber se isso é possível porque o Brasil ainda tem deficiências grandes em infraestrutura", disse.
Para ele, o mercado desconfia da capacidade da economia brasileira para manter juros reais abaixo de 3% ao ano sem alimentar inflação quando a demanda voltar.
Para o ex-presidente do Banco Central e presidente do conselho administrativo da Rio Bravo, Gustavo Franco, o BC vai sim testar os limites, ou seja, os cortes da Selic continuarão. A combinação de inflação na meta, emprego elevado e pouca demanda é quase "um almoço grátis" para o BC.
No entanto, como a política fiscal não ajuda e o governo caminha para aumentar mais os gastos, é possível que o país passe por mais um ciclo de alta de juros, antes de voltar testar taxas ainda mais baixas.
"Essa combinação de aumento de gasto e juro baixo pode levar a economia a um superaquecimento", disse Franco em palestra promovida pela Gradual Investimentos.
Para o economista, o setor público já reviu seu papel, mas tem de fazer mais ainda. O governo tem de aprender a viver dentro do seu limite. A ideia é fazer um superávit maior, para amortizar dívida e passar a ter déficit zero.
De acordo com Franco, vencida a luta contra a inflação, o foco todo está nos juros e a história, nos dois casos é a mesma, a necessidade de se rever as finanças públicas.
Sobre a taxa de câmbio, o ex-presidente do BC, diz que não se consegue manter o câmbio artificialmente desvalorizado por muito tempo.
De acordo com Franco, sem recaídas no quadro externo, o dólar deve ir para baixo. Movimento que deve ser impulsionado pela volta do investimento estrangeiro.
Ontem, o dólar seguiu dentro da sua banda de oscilação dos últimos dias de R$ 2,02 a R$ 2,03.
A moeda caiu 0,20%, para fechar a R$ 2,023. Na BM&F, o dólar para setembro cedeu 0,24%, encerrando a R$ 2,0295.