José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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O segredo que faltava para cativar os consumidores: empatia
A capacidade de se colocar no lugar do outro, enxergar o mundo pela sua perspectiva e compartilhar sentimentos funciona em todas as relações interpessoais, inclusive nos contatos com os clientes
Imagine ter o poder de transformar as suas relações interpessoais e, consequentemente, o mundo à sua volta.
Não que haja uma mágica para despertar a habilidade da diplomacia, mas algumas práticas podem fazer com que você se torne mais empático –uma palavrinha que está ganhando cada vez mais o universo corporativo.
O conceito de empatia tem sido abordado nas últimas décadas por diferentes disciplinas, entre elas psicologia, neurociências e filosofia.
Foi este o tema abordado em palestra realizada nesta terça-feira (20/02), no terceiro dia da Feira Nacional do Empreendedor, promovida pelo Sebrae na capital paulista.
Discorreu sobre o assunto Tatiana Fukamati, consultora em sustentabilidade e inovação social e fundadora do Projeto Revolução da Empatia.
Nas palavras da consultora, o conceito de empatia pode ser entendido como a “capacidade de se colocar no lugar do outro, enxergar o mundo pela sua perspectiva e compartilhar seus sentimentos.”
Como as empresas são organizações feitas de pessoas para pessoas, a empatia deve ser colocada em prática para melhorar o relacionamento entre funcionários e, principalmente, com consumidores.
Em 2016, um estudo do Fórum Econômico Mundial concluiu que, até 2020, 35% das habilidades mais procuradas pela maioria dos gestores de recursos humanos vão mudar drasticamente, em parte devido os avanços tecnológicos.
Entre elas destacam-se inteligência emocional, pensamento crítico, criatividade e... empatia. A regra de ouro passa a ser se conectar, entender e sentir as diferenças do outro e compartilhar pontos de vista em comum.
O entendimento é que, neste caso, profissionais que consigam criar conexões com pessoas podem desenvolver produtos e serviços que tenham mais aderência as necessidades dos consumidores.
A ideia vai na contramão das práticas de gestão antiquadas, numa época em que empresas criavam demandas artificiais para os consumidores seus produtos – sendo eles úteis ou não. Era o empurrômetro.
A VIDA REAL ESTÁ FORA DO ESCRITÓRIO
Em sua palestra, Tatiana comentou alguns formatos de pesquisa que podem ser usadas para empreendedores praticarem a empatia.
O método de Jornada de Aprendizagem e Exploração consiste basicamente em sair do escritório para conhecer o público em seu ambiente natural.
Em suma, mergulhar em sua realidade para identificar de qual forma seus produtos podem tornar vida deles melhor.
Por exemplo: um empreendedor enxergou uma oportunidade de negócios que pode ter muita aderência entre as classes de baixa renda.
Então, que tal vivenciar a rotina da periferia por alguns meses? A experiência pode ser fundamental para diluir possíveis preconceitos e revelar um novo mundo, que pode inclusive melhorar a oferta da empresa.
Outro formato de pesquisa é a Antropologia Visual, que, resumidamente, baseia-se em estudar a história, sonhos e necessidades das pessoas por meio de imagens de seu cotidiano, inclusive de suas propriedades.
Esse estudo pode dar insights para uma indústria de bens de consumo, por exemplo, que pode descobrir novos significados em seus produtos.
Algumas empresas, quase instintivamente, souberam usar a empatia para desenvolver negócios de sucesso. Um dos casos é a Beleza Natural, rede de salões de beleza especializado em cabelos crespos e ondulados.
A empresa foi fundada na periferia do Rio de Janeiro em 1993, num contexto em que mulheres sofriam preconceito e baixa autoestima devido a textura de seus cabelos.
O negócio alinhou a relação íntima de cabelo, aparência e cidadania e construiu uma marca que vendia autoestima para o universo feminino.
Vinte anos depois, a rede recebeu investimento de R$70 milhões da GP Investmentos para custear uma expansão para 120 lojas em cinco anos.
Em 2014, último ano em que a empresa revelou seu faturamento, as receitas ultrapassavam 250 milhões de reais ao ano.
“Até um negócio tradicional, como um salão de beleza, pode usar a empatia para resolver um problema social e gerar novas formas de valor”, afirma Tatiana.