José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Maioria dos funcionários com Covid-19 não cumpriram licença médica
O home office dificultou o cumprimento de licenças médicas durante a pandemia de coronavírus.
A tecnologia facilitou o trabalho durante o período de isolamento social, provocado pela pandemia de coronavírus.
Se por um lado as reuniões online, como o Zoom, e os canais de comunicação, como o Slack, facilitaram o trabalho durante o isolamento social, também tornaram mais difícil que colaboradores contaminados com Covid-19 tirassem dias de licença médica.
De acordo com a executiva-chefe da Working Families - um grupo em defesa de assalariados -, Jane van Zyl, “precisamos ter em mente que a lição da pandemia é o trabalho flexível, e não o trabalho o tempo todo.”
Licença médica
Em 2021, no Reino Unido, a Agência de Estatísticas Nacionais divulgou o menor patamar histórico no número de dias em que as pessoas se ausentaram do trabalho. A proporção caiu de 3,1% de horas de trabalho perdidas em razão de faltas por doença em 1995 para 1,8% em 2020.
A agência apontou como causas prováveis para a queda os programas de licença remunerada em estabelecimentos obrigados a fechar durante o lockdown e o trabalho remoto, dois fatores que contiveram a propagação de vírus como a gripe.
Por outro lado, o Chartered Institute of Personnel and Development,órgão de profissionais de recursos humanos, concluiu que a maioria das pessoas que consultou (84%) apontou como motivo o “presenteísmo” - quando as pessoas trabalham mesmo estando doentes.
Nos Estados Unidos, pesquisa de 2020 mostrou que os trabalhadores tinham menor propensão a tirar folgas quando trabalhavam em casa por acreditarem que pedir licença nessa situação seria mal visto pelos empregadores.
Pesquisas pré-pandemia em uma empresa chinesa cujos funcionários trabalhavam de forma remota também mostraram que eles tiravam menos dias de licença médica.
Risco ao bem-estar
A pandemia mudou a atitude dos empregadores em relação às doenças, segundo a professora de administração na Bayes Business School, da Universidade de Londres, Laura Empson.
“Está se tornando possível dizer, ‘preciso dar uma parada pelo meu bem-estar mental’. Não é que seja normal dizer isso, mas pelo menos está sendo dito. Coisas que eram inimagináveis antes da Covid, agora são pelo menos possíveis, ainda que não aceitáveis”, afirma.
O executivo-chefe da GoodShape - empresa especializada em bem-estar -, Alun Baker, diz que “o risco financeiro, empresarial e pessoal de trabalhar quando não se está bem fisicamente ou mentalmente é significativo”. Isso deveria encorajar empregadores a propagarem uma cultura “garantindo que os funcionários não se sintam pressionados a trabalhar a todo custo”.
Fonte: Valor Econômico