José Claudio Pereira
CRC/RS 46.949
joseclaudio@dataconcontabilidade.cnt.br
Eonara do Carmo Cesa Paim
CRC/RS 56.102
narapaim@dataconcontabilidade.cnt.br
O que esperar das empresas de educação depois da pandemia?
Isolamento social e EAD deram destaque a startups que digitalizam estudo e sistemas de instituições educacionais
Muito se fala dos impactos da pandemia em áreas do comércio como turismo, hotelaria e transporte, porém um segmento dificilmente citado é o da educação. Diferentemente de muitos outros, as empresas que vendem produtos ou serviços voltados à educação não sofreram impactos tão negativos, já que a busca por formas não tradicionais de aprimorar os estudos cresceu por conta do EAD, que, em muitos casos, tornou os conteúdos passados pelas escolas e faculdades insuficientes.
Assim como os hábitos das instituições de ensino e dos estudantes provavelmente não voltarão ao que eram antes da pandemia, o desenvolvimento do mercado da educação também deve sofrer mudanças. Mas nem tudo é negativo: aos que estão atentos às tendências do mercado, as novas necessidades já vêm sendo portas de entrada para grandes oportunidades de atuação.
Edtechs
A digitalização já havia transformado vários setores nos últimos 20 anos, mas a educação ainda dava passos curtos no caminho da tecnologia. Tendo em vista a grande oportunidade de crescimento tecnológico nesse setor, as chamadas Edtechs começaram a surgir. Elas são startups que buscam melhorar o setor da educação, através de serviços digitais, como a gamificação – ensino por meio de jogos – e o desenvolvimento de sistemas modernos de gestão para instituições de ensino.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), atualmente, há cerca de 807 dessas empresas atuando no mercado, o que corresponde a 8,7% de todas as startups no Brasil. O número mostra um aumento significativo, já que em 2015 eram apenas 641.
Essas empresas novatas ainda não têm legislações exatas que delimitem suas atuações, porém muitas delas já estão conseguindo ser reconhecidas pela lei e atuar da forma planejada no Brasil. Essas pioneiras devem abrir caminho para que o processo de estabelecimento no mercado dos próximos negócios na área seja mais simples.
Renovação no ensino tradicional
Apesar da queda de matrículas em 8,9% – que, de acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil, o setor privado sofreu em cursos presenciais no ano de 2021, por conta da pandemia –, ainda não é o fim do ensino tradicional e muito menos de escolas e faculdades particulares.
Isso porque o número acentuado não é apenas resultado dos novos hábitos dos alunos, mas, sim, da necessidade de isolamento social e da crise financeira. Em outros momentos de alta no desemprego, como em 2014 e 2016, o número de alunos em instituições particulares também caiu, mas voltou a crescer assim que a crise se amenizou, de acordo com dados compilados pelo MEC (Ministério da Educação) e pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Mas, para se sobressair sobre os concorrentes, escolas e faculdades devem estar atentos a algumas tendências destacadas por diversos especialistas, como maior interesse por atuação na área de saúde e ciências – desde cursos diretamente ligados ao atendimento de pacientes, como técnico ou faculdade de enfermagem, até áreas que permitem a atuação em pesquisa, como química e biologia.
Além disso, novos formatos de ensino devem chamar a atenção dos estudantes, como indica o próprio governo de São Paulo em seu site. Entre as novidades está a maior autonomia dos alunos quanto à organização e execução de atividades, uso de laboratórios para ensino mais prático, modelo de aulas híbridas e educação voltada à profissionalização.