José Claudio Pereira
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Eonara do Carmo Cesa Paim
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Isenção do IR eleva o ganho com papéis do agronegócio e de imóvel
Incentivo do governo é atrativo para investidor aplicar em letras de crédito desses dois setores
Agronegócio, construção civil e, agora, infraestrutura.
Três dos setores de maior potencial da economia brasileira são também os que têm as melhores oportunidades de ganho para o investidor pessoa física nas aplicações financeiras em renda fixa.
E o motivo não é o dinamismo dessas indústrias, mas a isenção do Imposto de Renda dada pelo governo para quem ajuda a financiar esses setores, considerados estratégicos para o país.
As LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e as LCI (Letras de Crédito Imobiliário) têm isenção do Imposto de Renda, que leva até 22,5% do ganho em aplicações semelhantes de menos de seis meses. O mesmo vai ocorrer com os títulos de infraestrutura.
Quem aplicar R$ 100 mil por um ano nesses papéis com taxa de 85% do CDI pode levar R$ 9.477,50 líquidos, considerando um CDI projetado de 11,15%.
Para ter um ganho desse patamar -pagando IR de 17,5% (alíquota a partir de 361 dias)-, o investidor precisaria conseguir um CDB de 103,03% do CDI (11,49% ao ano, nessa conta), retorno que os bancos não oferecem nessa faixa de aplicação.
"É um investimento muito interessante. A gente mal consegue atender a demanda", disse Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages, maior financeira do ramo imobiliário.
Apesar de estarem atrelados a um projeto -muitas vezes arriscado ou de difícil viabilidade, como na infraestrutura-, o risco dessas aplicações é baixíssimo.
No caso dos papéis imobiliários e do agronegócio, os bancos emissores garantem integralmente a aplicação do investidor mesmo em caso de inadimplência dos financiamentos a eles atrelados. O BNDES vai garantir o retorno dos papéis de infraestrutura.
O risco é o banco quebrar -o mesmo de um CDB. Na hipótese de isso ocorrer, o aplicador ainda tem como seguranças adicionais o imóvel e as garantias apresentadas pelos emprestadores.
VALOR ALTO
A principal desvantagem é que, diferentemente de um CDB, o aplicador não pode resgatar sua aplicação antes do vencimento.
O investidor precisa dispor de um valor elevado para comprar esses papéis e se beneficiar da isenção fiscal.
No Banco do Brasil, as aplicações em LCA começam em R$ 1 milhão e as taxas vão de 85% a 95% do CDI, dependendo do prazo. Bancos de menor porte, como o Safra e o Pine, aceitam investimentos a partir de R$ 100 mil, oferecendo taxas líquidas de 85% a 97% do CDI.
As LCI são um pouco mais acessíveis. Na Brazilian Mortgages, a aplicação mínima é de R$ 20 mil e as taxas começam em 88% do CDI.
"Se precisar do dinheiro no meio do caminho, é um problema. O investidor também tem de ver qual é a garantia da operação", diz Fabio Colombo, administrador de investimentos.
"É um produto diferente de um CDB e da poupança, que, se a pessoa precisar, pode sacar no outro dia. O risco de crédito é menor que em um CDB, mas a operação como um todo é mais arriscada porque não se pode sair quando quiser", diz Osvaldo Cervi, diretor do Private Bank do Banco do Brasil.